América Latina e América Central: Crise do Zika dispara demanda por aborto

Um novo estudo publicado hoje no The New England Journal of Medicine por um grupo de pesquisadores da Universidade do Texas, Princeton, Cambridge e da ONG Women on Web mostrou um aumento dramático na demanda por abortos seguros em países latino-americanos que emitiram alertas de saúde pública em resposta ao vírus Zika. O Brasil teve o maior aumento de demanda (108%), seguido pelo Equador (107,7%) e pela Venezuela (93,3%).

Um novo estudo publicado hoje no The New England Journal of Medicine por um grupo de pesquisadores da Universidade do Texas, Princeton, Cambridge e da ONG Women on Web mostrou um aumento dramático na demanda por abortos seguros em países latino-americanos que emitiram alertas de saúde pública em resposta ao vírus Zika. O Brasil teve o maior aumento de demanda (108%), seguido pelo Equador (107,7%) e pela Venezuela (93,3%).

Desde 2015, um surto de Zika vírus vem afetando a maioria dos países da América Latina, Central e do Caribe. Em fevereiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde declarou a crise do Zika como uma emergência de saúde mundial. Para mulheres grávidas, o vírus do Zika pode causar microcefalia (um problema no desenvolvimento cerebral no feto). No entanto até agora não havia dados sobre como a crise do Zika afetava a demanda por abortos seguros na região. Leis restritivas ao aborto tornam difícil a obtenção de dados precisos sobre o número de mulheres que procuram o aborto. Para contornar essa barreira, os pesquisadores coletaram dados da ONG Women on Web, uma ONG global que fornece acesso a abortos seguros em países onde não há acesso a isso. Os dados foram coletados no intervalo entre 2010-2016, envolvendo dados de 19 países latino-americanos diferentes 

O estudo comparou as tendências em pedidos por abortos seguros por cerca de cinco anos e dividiu-as em dois grupos. O primeiro é do período que vai até a data em que a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico sobre o Zika, em 17 de novembro de 2015 (o período de "pré-Zika"), que foi então comparado com o período após o alerta, indo até março 2, 2016 (o período "pós-Zika"). Em países em que há transmissão local do Zika e nos quais foram emitidos alertas de saúde pública para as mulheres, os resultados mostraram um aumento substancial nas tendências de baseline em pedidos de aborto no período pós-Zika. 

Nos países afetados, ativistas e médicos estava relatando uma alta demanda por aborto seguro entre as mulheres afetadas pelo vírus do Zika. No entanto, este é o primeiro estudo a sugerir causalidade entre a crise do Zika e o aumento da demanda por abortos seguros na América Latina.

Dr. Abigail Aiken, professora assistente de Relações Públicas na Universidade do Texas em Austin e principal autora do estudo, declarou: "Esta pesquisa nos ajuda a entender como, após declarações oficiais do governo, os anseios sobre o Zika afetaram a vida das mulheres grávidas na América Latina. O estudo também destaca a falta de autonomia reprodutiva à qual essas mulheres estão submetidas.

Este estudo surge em um momento crucial, com a previsão da OMS de que o vírus Zika irá afetar 4 milhões de pessoas em 2017. Ele também ajuda a compreender como essa pandemia antecipada impactará a saúde reprodutiva das mulheres. Dessa maneira, essa pesquisa é um instrumento poderoso para encorajar que Estados assegurem que todos os abortos advindos dessa crise mundial de saúde sejam realizados de maneira segura, legal e acessível. 

Para mais informações, contate:

 

Abigail R.A. Aiken, MD, MPH, PhD

Postdoctoral Research Associate

Office of Population Research

Princeton University 

 Tel: (+1)512-810-9285

Email: araa2@utexas.edu 

(contact preferably by email)

 

James Trussell

Professor of Economics and Public Affairs, Emeritus

Senior Research Demographer, Office of Population Research,

Princeton University 

Tel: 609-333-6964

Email: trussell@princeton.edu

 

Rebecca Gomperts, MD, MPP, PHD

Women on Web

+31652052561

email: info@womenonwaves.org